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41. Nós afugentamos todo medo. Nós lança­mos ao vento todas as multicoloridas penas do medo: penas azuis de congelado terror, penas verdes de trêmula traição, penas amarelas de secreto raste-jamento, penas vermelhas de frenético bater, penas brancas de reticência, penas negras de queda no abismo. É necessário repetir acerca da multiformidade do medo; de outro modo permanece, em algum lugar, uma pequena pena cinzenta de complacente murmuração ou, ainda, alguma penugem de apressa­do alvoroço, mas por detrás destas, estará o mesmo ídolo do medo. Cada asa de medo conduz para bai­xo.

O «Leão» Abençoado, vestido de destemer, or­denou ensinar a manifestação da coragem.

Nadadores, se vós fazeis todo o possível dentro de vossas forças, para onde pode a mais destrutiva onda carregar-vos? Ela só poderá levar-vos para ci­ma. E tu, semeador, quando distribuíres as semen­tes, tu podes esperar uma colheita. E tu, pastor, quando recontares tuas ovelhas, acenderás uma luz manifesta.

42. O Cosmos está sendo criado através da pulsação, isto é, por explosões. O ritmo das explosões dá harmonia à criação. É exatamente o conhe­cimento do espírito que leva o fio do Cosmos para a vida manifestada. É necessário, com uma espada reluzente, separar o novo degrau.

É necessário reconhecer quando reter as flores de luz para que elas não sejam novamente dissolvi­das na névoa dos elementos.

O jardineiro sabe quando é tempo de colher as flores, porque ele plantou as sementes ora escondi­das. Não quem adquiriu as sementes no bazar; não quem, na ociosidade, ordenou que as sementes fos­sem espalhadas, mas o jardineiro do espírito que, no início do mau tempo, protegeu as sementes na ter­ra da primavera.

Sim, sim, ele, o jardineiro do espirito, saberá o tempo da germinação; ele distinguirá as hastes novas, das ervas más, porque ele realizou o trabalho mais oculto e a ele pertence a melhor floração.

Verdadeiramente, é uma grande coisa fazer bri­lhar a espada no momento certo, e no instante da explosão, levantar o braço.

        Verdadeiramente, aqui de novo, correntes do Cosmos estão descendo sobre a Terra preparada; é por isto que o conhecimento do espírito é precioso.

Este arco-íris celestial está refletido nas gotas do orvalho terrestre. O conhecimento do espírito não discerne a luz? «Matéria Lúcida», para o espí­rito inculto, é um caos encrespado, mas para o espírito conhecedor, é uma harpa de luz. Como sons de cordas trabalhadas, caminham as ondas de maté­ria luminosa, e delas o espírito cria sinfonias de mis­teriosos sons. Entre os mundos, como se fosse fios, estende-se a «Matéria Lúcida». Somente a enorme distância une as ondas de fios na vibração do arco-íris celestial.

Pode-se começar a aspirar pelos mundos distan­tes seguindo um fio de Luz conscientizado pelo espí­rito — esta é uma experiência muito científica. Co­mo tem sido dito, pequenas ações requerem auxílio e aparelhos, mas, para uma grande ação, não é ne­cessário nada exterior.

43. Eu sinto que o Ensinamento pode tornar-se um pesado martelo para os tímidos. Mesmo recen­temente, o terror teria transpassado o coração à sim­ples menção de comunidade, mas já agora vários obstáculos foram ultrapassados. Entretanto, depois de renunciar ao caduco conceito de propriedade, segue-se mais uma prova difícil para a humanidade. Ao assimilar o significado do espírito, é especialmen­te difícil renunciar aos milagres. Mesmo os Arhats escolhidos por Buda somente com dificuldade afas­taram esta possibilidade.

        Três Arhats importunamente rogaram a Buda que lhes permitisse tentar um milagre. Buda colocou ca­da um num quarto escuro, e os fechou. Depois de um longo tempo, o Abençoado os chamou e pergun­tou o que tinham visto. Cada um falou sobre dife­rentes visões. Mas Buda disse: «Agora vós deveis concordar que milagres não são úteis, porque vós não percebestes o principal milagre. Porque vós po­deríeis ter sentido uma existência além do visível, e esta sensação poderia tervos dirigido para além dos limites da Terra. Mas vós permanecestes conscien­tes de vós mesmos, como se assentados na Terra, e vossos pensamentos atraíram para a Terra as ondas dos elementos. O intumescer da forma dos elemen­tos provocou agitações em vários países. Vós cau­sastes a queda de rochas e destruístes navios com um furacão. Eis que tu viste uma besta vermelha com uma coroa flamejante, mas o fogo que tu atraís­te do abismo queimou as casas de indefesos — vai e leva ajuda! Tu viste um dragão com rosto de don­zela, e fizeste as ondas varrerem barcos de pesca — apressa-te com assistência! Tu viste uma águia voando, e um furacão destruiu a colheita de trabalha­dores — vai e leva reparações! Onde, então, está vossa utilidade, ó Arhats? Uma coruja, no buraco de uma árvore, passou o tempo mais utilmente. Trabalhai na Terra com o suor de vossas frontes, ou, num momento de solidão, elevai-vos acima da Terra. Mas que a ocupação do sábio não seja a inútil co­moção dos elementos».

Verdadeiramente, uma pena caindo da asa de um pequeno pássaro produz uma trovoada nos mun­dos distantes.

Inspirando o ar, nós nos sintonizamos com to­dos os mundos. O sábio prossegue da Terra para o alto, pois que os mundos revelarão sua sabedo­ria um ao outro. Repeti esta parábola àqueles que reclamam milagres.

44. A essência da aspiração pelos mundos dis­tantes está contida na assimilação de uma consciên­cia de nossa vida neles. A possibilidade de vida ne­les se torna, para a nossa consciência, como se fos­se um canal de aproximação. Justamente essa cons­ciência deve ser escavada como um canal. As pes­soas são aptas para nadar, ainda que uma considerá­vel porção delas não nade. Um fato tão óbvio como os mundos distantes falha completamente em atrair a humanidade. É tempo de lançar esta semente no cérebro humano.

Aqueles que são Infelizes e sem ligações pes­soais podem aceitar mais facilmente este pensamento. Para eles, os grilhões terrestres não são fortes. Na pior posição de todas, estão as pessoas que têm conforto. Os cegos podem aceitar este pensamento bem facilmente, mas para os estrábicos será mais difícil, porque um falso cruzamento de correntes sempre distorcerá a distância da aspiracão. Tentai estriar um canhão com diferentes es­pirais: o resultado será mau. Em verdade, o que foi dito se refere somente a um certo estágio do estrabismo que envolve os centros nervosos.

45. Eu indico que é importante mandar boas fle­chas oportunamente, e que o espírito, então, se sen­te aliviado. Como um enxame cinzento, fragmen­tos de pensamentos alheios se agitam e, gradualmente, obstruem o espaço e infectam o ar. Então vem a flecha do espírito, que é como um relâmpa­go. Ela não só alcança a pessoa indicada, mas tam­bém purifica o espaço. Esta purificação do espaço não é menos importante. Uma flecha mais pura, sendo um magneto mais forte, atrai para si própria os fragmentos cinzentos e os carrega para trás. Dessa maneira, os pensamentos cinzentos, com seu peso, são devolvidos à fonte, mas sem dano para outros. Estes pensamentos cinzentos, como produ­tos de combustão, caem sobre a aura; e é o semea­dor quem faz a colheita. É sábio enviar a palavra — não toque! De fato, esta fórmula traz em si a menor possibilidade de contragolpe. Esta é, preci­samente, uma antiga fórmula protetora. É prático en­viar ou um bom chamado ou uma fórmula defensiva. Qualquer emissão malévola não é prática. Em ver­dade, é possível aceitar a espada da indignação do espírito, mas somente em casos raros, porque a in­dignação do espírito gasta a bainha.

46. Jamais falei de qualquer facilidade na rea­lização da nova consciência na vida. Os inimigos não são os destruidores, mas a virtude bolorenta e convencional. Os destruidores conhecem a instabili­dade daquilo que eles destroem, e o princípio da renúncia é mais fácil para eles. Mas a virtude de rósea face ama a sua arca de economias e sempre a defenderá com eloqüência. Tais pessoas recitam as palavras sagradas das Escrituras, e encontrarão sutis argumentos pelos quais estão, de fato, pron­tas a dar não a este, mas àquele homem que ainda não existe.

A virtude convencional manifesta cupidez su­perlativa e ama dizer mentiras. E tais professores de virtude, rosados, bem apresentados, são tão oleosos em suas afeições! Conquista, conquista humana, é desconhecida por estes professores de virtude, e seus vestuários resplendentes estão engoma­dos com escravidão!

47. Nas escolas, deve ser ensinado respeito pelo conceito que é pronunciado. Está claro que papagaios podem, insensatamente, projetar no espa­ço conceitos freqüentemente de grande significação. Mas as pessoas devem compreender que cada pen­samento é como uma flecha trovejante, e a palavra é como o botão de partida do pensamento.

A perda do verdadeiro significado dos concei­tos contribuiu muito para a selvageria contemporâ­nea. As pessoas espalham pérolas em torno como areia. Verdadeiramente, é tempo de substituir mui­tas definições.

48. Precisamente sem medo e, tanto quanto possível, fazendo as coisas por si mesmo. Correta é a expressão da responsabilidade pessoal. Nem milagres, nem citações, nem manifestações; mas afirmação fortalecida pelo exemplo pessoal. Mesmo um erro na ousadia é mais facilmente remediado que uma abjeta murmuração.

Preciosa é a ação que não necessita de quais­quer aparelhos ou assistentes. Aquele que descobre uma fórmula preciosa não pode gritá-la pela ja­nela, porque o dano resultante ultrapassaria a me­lhor utilidade.

Justamente como um recipiente selado, como uma montanha não saqueada, como um arco tenso pela flecha — assim estai de pé. E como a bebida do recipiente é flamejante, e como a montanha é inexaurível, e como a flecha é letal — assim agi! Pois quem ousa afirmar que a dificuldade não ajuda à mais rápida consecução? Rios de leite vão se coalhar e praias de geléia são inconvenientes para sentar. Assim, na armadura da responsabilidade pessoal, apressemo-nos.

Tomai nota, somente tem havido sucesso onde tem havido completa coragem. Pequenas dúvidas criam uma timidez escravizante.

Precisamente nos dias de grave doença do pla­neta, é preciso encher-se de coragem. Andando às apalpadelas não se passa, mas a espada pode fen­der os véus nocivos. O momento é muito importante e é necessário intensificar toda a coragem.

49. Tanto mais alguém dá, tanto mais ele rece­be. Mas os povos esqueceram como dar; mesmo o menor pensa somente em como receber. Entretan­to, o planeta está doente e tudo está afundando nesta doença. E alguns esperam partir flutuando sobre os destroços, esquecendo que o oceano estará tam­bém indo embora. É fácil imaginar que o corpo pla­netário pode estar justamente tão doente quanto qualquer outro organismo, e o espírito do planeta é influenciado pela condição de seu corpo. Como de­nominar a enfermidade do planeta? A melhor ma­neira é como uma febre de envenenamento. Gases sufocantes que procedem das acumulações das ca­madas inferiores do Mundo Sutil separam o planeta dos mundos que poderiam mandar auxílio. O desti­no da Terra pode terminar por uma gigantesca ex­plosão, se a espessura da cobertura não for trans-passada. Uma estupenda aceleração está forçando todas as linhas a balançar. Poder-se-ia esperar que a aceleração fosse urgente para um certo país, mas ela é necessária para todo o planeta.

50. Não importa como o Novo Mundo entrará — de capote, sobrecasaca ou camisa. Se nós estabelecermos o significado cósmico da comunidade, então os detalhes não são mais que pó sob os pés. Pode-se perdoar qualquer absurdo, se ele não for contra o Novo Mundo.

51. Quando eu repito uma palavra muitas ve­zes, isto significa um preenchimento de espaço. Este é o ritmo que foi perdido por ter degenerado em murmuração. Isto, como o lavar das ondas, demole penhascos rochosos. Do mesmo modo, numa procissão deve haver o ritmo do som. O ritmo do som afasta uma multidão da tagarelice vazia.

52. Como é possível penetrar nos recessos se­cretos do espírito? Somente através do inusitado. A lenda sobre os ladrões santos tem como base o espírito aguçado pelo inusitado. Enquanto que um dócil padeiro raramente recebe a chave para o es­pírito, a menos que o brincar diário da chama venha a revelar-lhe a luz dos elementos.

As boas ervas devem ser colhidas, mas o local de seu crescimento deve ser procurado sem precon­ceito.

53. Eu explicarei porque Nós chamamos «ata­que de Purusha». Seria bom se as pessoas pudessem aprender bem o mesmo princípio de tensão ge­ral. Uma manifestação de perigo comum deve evocar tal tensão geral. A primeira condição de pro­gresso é a libertação das ocupações usuais. Os centros cerebrais usuais devem declinar para que uma nova combinação de correntes nervosas possa ser revelada. O mesmo princípio é usado para evi­tar a fadiga. E esta nova tensão, se estiver isenta do elemento pessoal, é chamada ataque de Purusha.

No jogo de chicote queimado, aquele que busca deve procurar — e não quem escondeu. Não é sem razão que os hindus denominam o ser Altíssimo de «o Jogador». Verdadeiramente, a Terra é para ser salva por mãos terrenas, e as Forças Celestiais es­tão enviando o melhor maná; mas se não for colhi­do, ele é transformado em orvalho. Como, então, não se regozijar quando os colhedores são encontra­dos e quando, ignorando a zombaria, estes buscadores prosseguem, lembrando-se de Nosso Escudo?

Nunca é possível evocar a tensão de Purusha sem mobilidade de pensamento.

O espírito deve empenhar-se por um único ca­nal, como uma bala nas estrias de um cano. O surgimento de circunstâncias acessórias não deve es­tragar as estrias.

54. Os extintores da luz são os servos parti­culares das forças das trevas que estão ocupadas em apagar os fogos do Mundo Sutil. Quanto mais forte o ataque das trevas, mais ativamente eles destroem cada ponto de luz. Nós não conhecemos uma época de maior treva no Mundo Sutil. Cada falso Olimpo tem afundado no crepúsculo. Mas nes­te momento, não é tempo de estar ocupado com eles; agora é tempo de considerar o plano terrestre. O mundo, em seu estado presente, é como o mar nu­ma tempestade.

55. A aspiração é o barco do Arhat. A aspira­ção é a manifestação do unicórnio. A aspiração é a chave para todas as cavernas. A aspiração é a asa da águia. A aspiração é o raio do sol. A as­piração é a armadura do coração. A aspiração é a flor de lótus. A aspiração é o livro do futuro. A aspiração é o mundo manifestado. A aspiração é a multidão de estrelas.

56. Por que a descoberta de sinais do futuro é comparada à tecelagem? No trabalho do tecelão, a urdidura é de um matiz definido, e os grupos de fios são distribuídos de acordo com a cor. É fácil determinar a urdidura e pode-se facilmente encon­trar o grupo de fios, mas o desenho deste grupo permite diferentes combinações, dependendo de mil cir­cunstâncias correntes. De fato, a atitude interior do próprio indivíduo será a principal condição. Mas se sua aura estiver demasiadamente oscilante, o prog­nóstico será relativo. Então, assemelhar-se-á a um certo jogo no qual, sendo dados uns poucos pontos espalhados, deve-se identificar uma figura definida.

Ora, onde está o melhor fermento com que firmar a aura oscilante? O melhor fermento é a aspiração. É impossível aguilhoar ou esmagar um corpo impe­tuosamente dirigido. A aspiração em movimento a-tinge a condição de lei, e tornando-se lei, torna-se irrefreável, pois entra no ritmo do Cosmos. Assim procedei no pequeno e no grande, e vosso tecido será, de maneira inigualável, cosmicamente cristali­no; em resumo — belo. Além da aspiração, nada mais permite o domínio sobre os elementos, pois a qualidade básica dos elementos é a aspiração. Nes­te estado, vós coordenais os elementos com a mais alta criatividade do espírito, isto é, vos tornais os guardiães do relâmpago. O ser humano virá a ser o guardião do relâmpago. Crede, somente pela as­piração conquistareis.

57. De fato, será que um sino de alarme não é ouvido em cada movimento do planeta? Será que não há um grito alarmante em cada movimento do to­do existente? Será que não ressoa uma rebelião em cada movimento dos espíritos nivelados ao solo, em servidão? Mas será que houve tempos melhores?

É melhor se um abcesso se rompe e deve ser possível, mais tarde, fechar a ferida. Mas o pus deve ser extraído; por conseguinte, Nós não toma­mos meias medidas. Nós esperamos acões largas, e na hora do toque de alarme, é impossível pensar sobre um pedaço de tecido.

58. Vós já conheceis a utilidade dos obstáculos; vós já conheceis a vantagem dos fatos desagradá­veis. Pode até haver uma utilidade nos terrores. De fato, para Nós e para vós não há terrores no sentido usual. Pelo contrário, um terror sem medo é transformado num ato de beleza cósmica.

É possível pensar sobre beleza sem um acorde de êxtase? Presentemente, Nós bradamos. Nós enviamos sinais de batalha, mas acima de tudo, há êxtase na face das grandes soluções. A coragem abre todas as portas. «É impossível», nós nos dize­mos; quando de fato tudo que existe grita, «É possível!»

Cada época tem sua palavra própria. Esta pa­lavra é como uma chave para a fechadura. Antigos Ensinamentos continuamente falavam sobre uma po­tente palavra que estava contida numa precisa e breve fórmula. Imutáveis como um cristal de com­posição conhecida, é impossível substituir as palavras destas fórmulas: impossível tanto aumentar co­mo diminuir. A garantia do Cosmos está na fundição destas palavras. A própria treva absoluta es­tremece ante a lâmina do Comando do Mundo, e é mais fácil para os gases e raios abater a treva lá onde a Espada do Mundo golpeou.

É possível investigar as palavras secretas de to­das as épocas e ver uma espiral de luz penetrante. Uma legião de vermes não pode alterar a ponta agu­çada da espiral, e os obstáculos somente intensificam o raio de luz. A lei da reflexão cria novas forças. E onde o que fala guarda silêncio, o mudo falará.

59. Um claro e breve comando é difícil, mas por outro lado é mais forte que uma varinha mágica. A afirmação é mais fácil, mas um comando é como a inesperada coluna da chama de um vulcão. Um sen­timento concentrado de responsabilidade pessoal jaz num comando. Uma declaração de inexauribilidade de forças soa num comando, como uma onda esmagante. Enxugai as lágrimas de benignidade. Nós te­mos necessidade das faíscas da indignação do espí­rito!

Que represa fazem os pesares, ainda assim asas crescem na ponta da espada! Areias podem matar, mas para Nós, uma nuvem de areia é um tapete voa­dor.

60. Muito pode ser perdoado àqueles que, mes­mo na escuridão, preservaram o conceito do Mestre. O Mestre eleva a dignidade do espírito. Nós asse­melhamos o conceito do Mestre a uma lâmpada na escuridão. Por conseguinte, o Mestre pode ser cha­mado um farol de responsabilidade. Os laços do En­sinamento são como uma corda de salvação nas montanhas. O Mestre é revelado no momento de acender do espírito. Desse momento em diante, o Mestre é inseparável do discípulo.

Nós não vemos o fim da cadeia de Mestres, e a consciência que se deixa encher pelo Mestre ele­va a conquista do discípulo como um aroma precio­so e todo-penetrante. A ligação do discípulo com o Mestre forma um elo de proteção na cadeia unifi­cadora. Dentro desta defesa, os desertos florescem.

61. Minha Mão envia a solução entre os pe­nhascos do mundo. Considerai o teto de tábuas mais sólido que ferro. Considerai um momento de­terminado mais longo que uma hora. O caminho a-longado é mais curto que o precipício vertical. Vós perguntareis «Por que enigmas, por que esoterismo?» O novelo de eventos está cheio de fios multicores. Cada concha tirada de um poço tem cor diferente. Entre os eventos, muitos são apressados; estes ami­gos distantes, exteriormente desligados, enchem nos­so cesto, e a luz derradeira triunfa.

62. Alguém pode se regozijar quando pensa­mentos sugeridos se unem com seu próprio pensamento; porque na cooperação não há linhas frontei­riças de separação de trabalho — há somente efeitos. É impossível desmembrar as funções do Cos­mos quando as ações estão fluindo como um rio.

Que significado tem a estrutura das ondas que levam um objeto útil? O importante é que o objeto não seja perdido!

63. A principal incompreensão será a do fato de que o trabalho possa ser repouso. Muitas diver­sões terão que ser abolidas. Principalmente, deve ser entendido que os produtos da ciência e da arte são para educação, e não para diversão. Muitas diversões terão que ser destruídas como focos de vul­garidade. A vanguarda da cultura deve varrer o an­tro de todos que passam o tempo sobre um caneco de cerveja. Do mesmo modo, deve ser desaprova­da a manifestação de especialização limitada.

64. É importante falar sobre a necessidade da comensurabilidade. Eu a considero necessária para distinguir entre as coisas que se repetem e as que não se repetem. Pode-se pôr de lado um objeto da vida diária, mas deve-se captar sem demora os cha­mados dos tempos. Pode-se afirmar que um mo­mento de possibilidade cósmica é insubstituível. Há pratos que podem ser digeridos numa certa ordem. O caçador não vai à caça por estar ocioso; ele des­cobre a melhor hora e nada o detém.

É possível encontrar a Minha Pedra no deserto, mas pode-se novamente perdê-la de vista se não for apanhada imediatamente. Aqueles que Me conhe­cem compreendem o significado do imediato, mas os novos devem reter esta lei na mente, se desejarem se aproximar. Verdadeiramente Eu digo — O tem­po é curto! Eu digo com solicitude — Não percais o momento, pois os fios do novelo são multicores. Não na satisfação do repouso, mas na escuridão da tempestade, é útil a Minha Voz: aprendei a ouvirl

Conheço pessoas que deixaram escapar-lhes o apelo por causa da sua sopa. Mas minha flecha pas­sa na hora da necessidade. Minha Mão está pron­ta para levantar o véu da consciência; por isso, é necessária a comensurabilidade do pequeno e do grande, do que se repete e do que não se repete.

Esforçai-vos por compreender onde está esse gran­de! Eu digo — o tempo é curto!

65. Nossa condição para os cooperadores é um completo desejo de aplicar na vida os Nossos prin­cípios, não em teoria, mas na prática.

O Mestre conduz a chama de um inextinguível empenho espiritual. O Ensinamento não é interrom­pido nem por cansaço nem por amargura. O cora­ção do Mestre vive pelo empenho espiritual. Ele não tem medo, e as palavras «Eu estou com medo» não estão em seu vocabulário.

66. A evolução do mundo se compõe de revo­luções ou explosões de matéria. Cada evolução tem um progressivo movimento para cima. Cada explo­são, no seu trabalho construtivo, age em espiral. Por conseguinte, está na natureza de cada revolu­ção estar sujeita à lei da espiral.

A estrutura terrestre é como uma pirâmide. Ago­ra, de cada ponto da espiral progressiva, tentai bai­xar os quatro lados de uma pirâmide. Vós obtendes, por assim dizer, quatro âncoras, baixadas nas cama­das mais Inferiores da matéria. Tal construção será fantástica, porque será construída sobre camadas mortas. Agora, tentemos construir, de cada ponto para cima, um losango, e obteremos um corpo de conquistas das camadas mais altas, determinando o movimento da espiral. Esta será uma construção digna! De fato, ela deve começar no desconhecido, expandindo-se paralelamente com o crescimento da consciência. Por conseguinte, construção na revo­lução é o momento mais perigoso. Um grande numero de elementos imperfeitos pressionará as estru­turas para baixo, para as camadas de substância gas­ta e envenenada. Somente temerária coragem pode voltar a construção para cima, para camadas que não foram experimentadas, belas por seu conteúdo de no­vos elementos. Por conseguinte, Eu falo e direi no­vamente que formas gastas devem ser evitadas na estrutura. Afundar de volta nos velhos receptáculos é inadmissível. O entendimento do Novo Mundo, em toda a sua austeridade, é necessário.

67. O que é exigido em Nossa Comunidade? Primeiro que tudo, comensurabilidade e justiça. Em verdade, a segunda resulta inteiramente da primeira. De fato, deve-se esquecer da bonacheirice, porque esta bondade não é a boa. Bondade é substituto de justiça. A vida espiritual é governada pela comen­surabilidade. O homem que não diferencia o peque­no de grande, o insignificante do grandioso, não po­de ser espiritualmente desenvolvido.

Fala-se sobre Nossa firmeza, mas isto é somen­te o resultado da Nossa desenvolvida comensurabi­lidade.

68. Entendei o nome do filho do medo e da dú­vida — seu nome é arrependimento. De fato, o arre­pendimento de ter entrado no Grande Serviço anula todos os efeitos dos trabalhos precedentes. Aque­le que duvida ata uma pedra à sua perna. Aquele que está amedrontado oprime sua respiração. Mas aquele que está arrependido de seu trabalho em fa­vor do Grande Serviço encerra a possibilidade de aproximação.

Como, então, não distinguir aquela coragem que conduz para a consecução? Como não lembrar da mão que travou a adaga do inimigo? Como não se cingir da força que entregou tudo para o crescimen­to do mundo? Compreendei, vou reiterar infinita­mente até que a ponte do arco-íris manifeste todas as cores.

Os cedros segregam uma resina curativa, mas pode-se rir quando a seiva milagrosa vai para a graxa do sapato. Portanto, guardemos os caminhos princi­pais pela aplicação dos detalhes para um útil provei­to.

69. O rugido e o guincho das feras enchem o ar da Terra. O rugido ferroz substituiu a canção hu­mana. Mas como são belos os fogos da realização espiritual!

70. Minhas Mãos não conhecem repouso. Mi­nha Cabeça sustém o peso dos trabalhos. Minha Mente procura a solidez das soluções. O poder da experiência derrota a debilidade alheia. Na iminência de perda, Eu derramo novas possibilidades. Na li­nha de retirada. Eu construo fortalezas. Nos olhos do inimigo, Eu agito a bandeira. Eu chamo o dia de fadiga, um dia de repouso. Eu reconheço uma ma­nifestação de não entendimento como entulho na so­leira. Eu posso ocultar o sagrado nas dobras de uma vestimenta de trabalho. Um milagre significa para Mim somente a marca de uma ferradura. Co­ragem significa para Mim somente a flecha na alja­va. Determinação é, para Mim, somente o pão de cada dia.

71. Primeiro que tudo, esquecei todas as na­cionalidades, e aprendei o fato de que a consciência é desenvolvida pelo aperfeiçoamento dos centros in­visíveis. Alguns aguardam um Messias para uma única nação, mas isto é ignorância, pois a evolução do planeta só pode ser em escala planetária. Precisamente, o fato da universalidade deve ser assimi­lado. Somente um sangue flui, e o mundo exterior não será mais dividido em raças de formação primá­ria.

72. A Comunidade, como Cooperação, pode acelerar, de forma sem precedente, a evolução do planeta e dar novas possibilidades de comunicação com as forças da matéria. Não se deve pensar que a comunidade e a conquista da matéria são encontra­das em planos diferentes. Um canal, uma bandeira — Maitreya, Mãe, Matéria!

A Mão que seleciona os Fios indica o caminho para Nossa Comunidade. Certamente Nós não ire­mos falar sobre a data precisa de origem de Nos­so lugar. Cataclismos moldaram as condições favoráveis e, com Nosso conhecimento, Nós podemos guardar o Centro contra hóspedes não convidados. A existência de inimigos violentos tem-Nos permiti­do fechar as entradas ainda mais cerradamente e instruir os vizinhos a um efetivo silêncio. Transgre­dir e trair significa ser destruído.

73. A essência do Novo Mundo contém um vá­cuo que é chamado o nó da imobilidade; nele estão sendo coletados os sedimentos de fenômenos de in­compreensão das tarefas de evolução. Quando o cérebro conduzir para perto desses caminhos de in­compreensão do espírito, o acesso às Nossas trans­missões estará quase perdido. Será possível que as pessoas venham a esquecer a criatividade, dirigi­da para o adorno da vida?

74. É necessário investigar o inadiável. É ne­cessário preservar o entusiasmo pessoal. É necessário a cada um caminhar independentemente — nem mão no ombro, nem dedo nos lábios. Ai de quem atrasa a guarda. Ai de quem espalha arroz no es­cudo. Ai de quem carrega água em seu elmo. E mais que tudo — ai do medo cinzento. Verdadeira­mente, a rede do mundo foi arremessada. Ela não pode ser puxada sem uma presa. Verdadeiramente, nem mesmo o menor será esquecido. A semente foi paga. A violência não foi admitida. Que cada um prossiga, mas Eu tenho piedade daqueles que não al­cançam. Como é escuro o caminho de volta! Eu não conheço nada pior que cruzar o caminho do vi­zinho. Dizei a cada um: «Caminha só, até que re­cebas o comando do Mestre». É necessário rego­zijar-se com o assovlo do mar. Manifestai um enten­dimento do grande momento. Erguei o cálice; Eu vos chamo.

75. Verdadeiramente, pode-se esperar o cum­primento de todas as profecias. Eu não vejo as datas sendo alteradas. Pensai sobre o invólucro dos eventos, compreendei quão sem importância é o exterior; somente o significado oculto é vital. A se­meadura de gerações começa a germinar, a semente está começando a crescer.

76. Deve-se conhecer um procedimento de Ba­talha chamado o abater das rochas. Quando a Ba­talha atinge uma certa tensão, o Líder arranca por­ções da aura e as arremessa nas hordas de inimigos. Certamente as auras dos guerreiros são, tam­bém, violentamente rompidas; por esta razão, a rede protetora não está forte neste momento, mas os ini­migos são batidos de forma especialmente vigorosa. O tecido da aura queima mais severamente que o raio. Nós chamamos este método de heróico.

Não se deve pensar que estamos viajando num trem de luxo — estamos andando sobre um abismo, numa prancha. Farrapos de aura são semelhantes às asas de uma águia crivadas de bala. Deve ser lembrado que nós subimos as muralhas sem nenhum abrigo. Cada vidro quebrado pode não ressoar no mesmo instante, mas quando ele atinge os desfila­deiros mais inferiores, ouve-se o triturar de seus fragmentos. Vós mesmos compreendereis o resto. As maiores Forças estão em Batalha para a salva­ção da humanidade.

77. Uma revelação deve ser entendida como evidência não para os olhos, mas para a consciência. Nisto jaz a diferença entre o vosso e o Nosso entendimento. O que chamais de um fato é um resultado, visto que Nós podemos discernir o fato ver­dadeiro, invisível para vós.

Um cego julga o relâmpago pelo trovão, mas quem vê não teme o trovão. Assim, é necessário aprender a distinguir os fatos verdadeiros de seus efeitos.

Quando Nós falamos sobre um acontecimento pré-destinado, Nós vemos sua verdadeira origem; mas todo aquele que venha a julgar de acordo com efeitos visíveis, estará atrasado em seu julgamento. Quando Nós dizemos — «Ide contra a evidência», queremos dizer — «Eviteis cair sob a ilusão dos eventos passados». Pode-se distinguir claramente o passado do futuro. De fato, a humanidade sofre por causa desta falta de discernimento, rodopiando em torno das ilusões dos efeitos.

Uma centelha criadora está contida na revelação de um evento, mas não em seus efeitos. Ocupada com efeitos, a humanidade é como um cego que só pode sentir o trovão. É possível imaginar-se uma distinção entre aqueles que julgam pelos eventos e aqueles que julgam pelos efeitos.

Dizei a vossos amigos que eles deveriam apren­der a observar o real de acordo com a eclosão dos eventos. De outro modo, eles permanecerão leito­res de um jornal editado por um velhaco.

Forçai a consciência a perceber a eclosão dos eventos, se desejais estar associados com a evolu­ção do mundo. Pode-se mencionar inumeráveis exemplos de lamentáveis, criminosas e trágicas incompreensões em razão das quais datas predestina­das foram misturadas.

O carvalho cresce da bolota sob a terra, mas o tolo só o nota quando tropeça nele. Muitos trope­ções mancham a crosta da terra. Basta de erros e de desentendimentos na hora da tensão mundial!

É preciso compreender que somente as portas certas conduzirão para a câmara do Bem Comum.

78. Em cada livro, deve haver um capítulo so­bre a irritação. É imperativo expulsar esta fera de casa. Eu dou boas vindas à austeridade, bem como à decisão. Eu vos indico como abolir gracejos escarnecedores. É preciso ajudar cada um a sair das complicações. É preciso cortar cada broto de vul­garidade. É preciso permitir a cada um dizer o que tem a dizer, encontrar paciência para ouvir. O boa­to vazio deve ser interrompido, e dez palavras devem ser encontradas contra cada palavra que difame o Mestre. De fato, não permaneçais silencioso face a uma flecha dirigida ao Mestre. Mãe e Mestre — es­tes dois conceitos devem ser salvaguardados em ca­da livro. A luz da grandiosidade não é para ser ex­tinta.

79. Nas construções cósmicas, o serviço re­quer uma mudança de consciência. Pode haver erros. Pode-se ser absolvido do maior erro, con­tanto que a fonte seja pura; mas somente é possí­vel medir esta pureza com uma consciência ilumi­nada. Somente através de uma consciência amplia­da pode ser manifestado o regozijo com o Serviço. Deve ser lembrado que cada período de três anos representa um degrau de consciência; da mesma ma­neira, cada período de sete anos representa uma renovação dos centros. Apressai-vos a compreen­der que os períodos da consciência não se repetem e, por conseguinte, não se deve permitir que esca­pem.

É justo perguntar a um homem que está pen­sando em entrar no caminho do Grande Serviço a que ele pretende renunciar. Ou ele espera, apenas, obter a realização de seus mais doces sonhos? Ou lhe é agradável, por um grão de fé, adquirir rique­zas terrenas e ocupar uma posição imprópria para a sua consciência?

É impossível enumerar os meios de expansão da consciência, mas em todos eles jaz a compreen­são da verdade e do auto-sacrifício.

80. É necessário compreender a claridade do pensamento e aplicá-la ao futuro — assim é possível evitar a irregularidade do modo de agir. É preci­so agir de maneira diferente dos outros. Precioso é cada grão de decisão. Eu desejo saturar-vos de ou­sadia. É melhor ser considerado fora do comum que ser vestido no uniforme da trivialidade. É necessá­rio ler Meus Ensinamentos. É necessário empenhar-se em aplicá-los a cada ato da vida, não apenas nos dias santificados. Dizei a vós próprios: «É possí­vel aspirar nas manhãs e ser um papagaio nas noi­tes?»

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